A LISTA DE CONVIDADOS/ LUCY FOLEY

O livro conta a história do casamento entre Will e Jules, o casal aparentemente perfeito, lindos, simpáticos, ricos e famosos, só que não, rs… O casamento acontece em uma ilha “deserta” na Irlanda, o fatídico dia é contado sob diferentes pontos de vista dos convidados e paralelamente à isso, aconteceu um misterioso assassinato. Cada página do livro é dedicada a um personagem e seu ponto de vista entre passado e presente sobre o que aconteceu. Além de Will ator famoso e Jules dona de uma revista em ascensão, temos Olivia a irmã da noiva linda e depressiva por segredos do passado, Aoife a misteriosa cerimonialista, Johno o padrinho maluco, Hanna e seu marido entre outros. O livro começa com o dia do casamento e logo volta  alguns dias, sabemos que alguma coisa aconteceu nesse casamento, mas não temos muita certeza do que ocorreu e nem como, o que para mim foi um pouco frustrante, pois cheguei praticamente ao meio do livro  sem saber nada e praticamente  não ter mudado nada na história, apenas os pontos de vista dos noivos e convidados. No entanto da metade do livro para o final o suspense melhora bastante e  você começa  a realmente se interessar em descobrir o que aconteceu  e todos os segredos por trás daquelas pessoas. Ainda assim, eu daria 3 estrelas, achei que a autora poderia ter explorado mais os personagens e esperava mais do final. Apesar disso, foi um livro que já esteve em Primeiro lugar na lista do New York times, se isso faz diferença para você, vale a pena dar uma conferida.

Cartas escritas jamais enviadas / Emily Trunko

O que dizer deste livro tão singular?! Bem, vamos começar pela autora, Emily Trunko tinha 15 anos quando criou seu Tumblr Dear my blank, para que ela própria pudesse compartilhar cartas que ela sempre escrevia para várias pessoas mas nunca as enviava. Contudo, sua página fez tanto sucesso, que ela passou a receber milhares de cartas para serem compartilhadas, de outras pessoas que faziam o mesmo que ela, o que acabou se tornando uma espécie de comunidade de ajuda mútua. Algumas dessas cartas foram selecionadas e acabaram se tornando um livro. A leitura é super rápida e fluida e a maioria dessas cartas achei triste, mas não era aquela tristeza angustiante, e sim um sentimento mesmo de pensar como a vida é curta e imprevisível e o quanto se faz importante dizer às pessoas aquilo que sentimos do fundo do coração. Penso em como a vida da maioria desses destinatários poderia ter sido diferente caso eles tivessem tido a oportunidade de ler essas cartas. Como num trecho desta carta escrita por uma menina: “ Estou com medo de falar com meus pais, e não posso explicar o motivo, mas tenho gravações de áudio de todas as minhas tentativas. São piores que qualquer cenas violenta dos cinemas. Por favor, alguém me responda!” Fiquei pensando puxa, será que essa garota teve ajuda? O que será que aconteceu com ela? E assim mergulhamos nas histórias de muitos outros anônimos que escrevem para a mãe, filho, amigo, namorada, bicho de estimação e até para si próprio. É de uma delicadeza e uma profundidade que me senti muito tocada por essas cartas. E se você gosta de escrever e mesmo para quem não tem o hábito, desperta aquela vontadezinha de escrever uma carta, com tudo de mais íntimo que você diria para alguém. Recomendo muito esse livro, especialmente se você estiver de férias e quiser uma leitura mais tranquila, porém não menos intensa.

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A menina da Montanha

Este livro conta a história autobiográfica da Tara Westover. Ela discorre os acontecimentos desde que tinha 7 anos até os dias atuais com seus trinta e poucos anos, tudo se passa no final dos anos 80, década de 90 pra cá.

Tara e seus 7 irmãos, vivem numa família nada convencional em Idaho Estados Unidos, adeptos do mormonismo, seu pai Gene Westover é um fanático religioso com traços de bipolaridade, que acredita que o mundo vai acabar no ano 2000 e por isso faz a mulher e os filhos estocarem  comida e gasolina em um abrigo que ele fez em casa, onde acredita que estarão salvos e abastecidos. Tara e os irmãos não vão à escola, pois o pai acredita que o governo faz lavagem cerebral nas crianças e também nunca foram ao hospital porque ele não acredita nos médicos e todo ferimento não importa a gravidade é tratado em casa pela mãe que é uma espécie de curandeira e parteira. As crianças não tem certidão de nascimento e os pais nem sabem ao certo a idade delas. A mãe também é responsável pela educação dos filhos em casa, mas eles não dão muita importância a isso, já que as crianças tem que ajudar o pai no ferro velho. Não me lembro de ter lido outro livro onde eu sentisse tanta raiva de um personagem como do pai de Tara, levando em consideração que aqui o personagem é real e toda essa bizarrice aconteceu de fato e o mais surreal é que não faz tanto tempo assim… Ao mesmo tempo que ele expõe a família o tempo todo à perigos absurdos e nunca aprende com o erro, além de não aceitar ser contestado ele também os surpreende com momentos de alegria e afeto. A mãe nem sempre concorda, mas é totalmente submissa ao marido. Essa menina Tara, que é apenas uma criança, vive situações inacreditáveis, e os pais que deveriam protegê-la são os próprios responsáveis, e como se não bastasse, ela ainda tem que enfrentar a violência do seu irmão Shawn. Até que um dia seu irmão mais querido Tyler, prevendo o tipo de vida que teria, resolve ir embora de casa para estudar e quando ele volta acaba convencendo Tara que ela deve fazer o mesmo. No entanto, é uma situação tão complexa, porque aqui nós compreendemos como é importante tudo o que acontece  na nossa infância, o quanto nós somos moldados pela nossa família, pelas pessoas que nos criam, nos educam, como esse laço é forte. E é tão triste, porque essa família faz tão mal à essa garota, que quando ela resolve fazer algo para ajudar a si própria, ela ainda se sente culpada, se sente traidora, pensa que não está sendo uma boa filha. Mas graças a educação que ela vai adquirindo ao longo do caminho, ela vai criando confiança em si mesma e consegue dar a volta por cima.Creio que antes de mais nada, este livro é sobre o poder transformador da educação, de compreendermos nas entrelinhas a importância de como o conhecimento, o estudo e a leitura nos traz entendimento sobre o mundo, sobre a vida.

Editora Rocco

A morte de Ivan Ilitch – Tolstói

Esse foi o primeiro livro de literatura russa que eu li, e cara, vou falar: que livro maravilhoso! Posso dizer que foi com esse livro que senti aquele famoso soco no estômago da literatura.

A história é super curtinha e a linguagem não é difícil, o mais complicado são os nomes russos, rs… Apesar de ser uma novela curta, é tão profundo, te toca tão fundo na alma, que é difícil explicar e conseguir passar o que é realmente esta obra.

O livro começa contando a história de Ivan Ilitch, um juiz respeitado de família aristocrata do século XIX, que morre ainda no primeiro capítulo. (Isso não é spoiler, tá… Está na sinopse e no próprio título). E seus colegas de trabalho e carteado recebem a notícia com certa aflição, não pela morte, mas pelas promoções que surgirão para esses e seus parentes com a morte de Ivan Ilitch. Então voltamos no tempo, onde temos acesso à todos os acontecimentos de sua vida até então. E como toda pessoa a beira da morte, Ivan Ilitch faz uma reflexão de toda a sua vida e busca um sentido para ela, mas de uma forma genial, ele faz críticas não só a aristocracia e burguesia russa da época, mas da vida que nos é imposta pela sociedade e acatamos como sendo o correto. Uma vida muitas vezes, regada à superficialidade, um bom emprego, um bom casamento, filhos e ele se descobre totalmente infeliz e solitário no meio de tudo isso, e até culpa de certa forma a família por essa infelicidade. Família essa, que não lhe dá a devida atenção e preocupa-se mais em como sobreviver sem o salário dele, sentindo-se em paz com a própria consciência. Ele só consegue se sentir à vontade com seu empregado Gerassim, o único que se mostra realmente sincero com ele, pois esse não preocupa-se com a opinião da sociedade. Ivan descobre que tudo o que viveu até agora foi uma grande mentira e só consegue enxergar algum sentido para sua vida na fase da infância e nesse momento agora da sua morte que ele acredita estar vivendo de verdade. Nesses momentos, através de acontecimentos banais, somos expostos à toda miséria do ser humano, ele questiona nossa incapacidade de se compadecer do sofrimento alheio, com gestos simples ele nos evidencia que quando o fazemos é falso ou por obrigação.

Nos seus últimos momentos, ele ainda afirma que a terrível dor física que sente não é nada perto da dor moral de ter vivido uma vida de mentira tão difícil de admitir para si próprio. Então ele se confessa com um padre, o que lhe causa certo alívio e através de um gesto de amor de seu filho de 14 anos ele aceita que talvez possa ser perdoado. E aí segue a cena de morte mais bem escrita e comovente de toda a literatura, pelo menos da literatura conhecida por mim.

A vocês que leram, peço desculpas se essa resenha se torna rasa, diante da grandiosidade desta obra, me esforcei para tentar expressar para vocês pelo menos 1/3 do que esta história causou em mim.

Como dizem as notas do tradutor: “Todos saímos deste livro, um pouco mais inteligentes e humanizados”.

Dias de abandono Elena Ferrante

Este foi o primeiro livro que eu li da Ferrante e fiquei impressionada com a força da sua narrativa.

Dias de abandono é um livro curto de 183 páginas, mas não se engane, apesar de rápido, ele é extremamente intenso e até pesado em alguns momentos. O livro conta a história de Olga, uma personagem muito bem construída que se vê completamente perdida, depois de ter sido abandonada com seus dois filhos e um cachorro pelo marido que a trocou pela filha de uma antiga amiga. Assim, passamos por toda a angústia vivida por Olga desde a ilusão de que essa decisão de Mário seu marido é passageira, o caos que beira a loucura até a realidade fincar-se diante de seus olhos, obrigando-a enxergar os fatos. Olga comete tantos atos insanos quanto é possível, desde transar com um vizinho à quem ela despreza até negligenciar a saúde do próprio filho. Sentimos vontade de mergulhar na história e “chacoalhar” a personagem, fazê-la acordar. Mas o que chama atenção na escrita da autora é a capacidade de transformar um acontecimento aparentemente comum e banal em algo grandioso, ela consegue traduzir os sentimentos mais íntimos da personagem com exatidão, algo até difícil de explicar, mas o leitor sente aquela atmosfera pesada e confesso que algumas vezes, tive que parar para respirar fundo e recuperar o fôlego. Outro fato importante do livro que deve ser citado, é a clara crítica feita em relação ao papel da mulher na sociedade e ao machismo não só italiano mas mundial que faz crer inclusive às próprias mulheres, que suas vidas só tem sentido enquanto existe um casamento e a figura do marido, sem a qual a vida da mulher perde a razão de ser. Isso fica claro em vários trechos da história, inclusive no final, quando a Olga começa  tomar consciência dos acontecimentos e aceita sair com uma amiga para se divertir, e esta amiga passa o tempo todo tentando lhe arrumar pretendentes, como se para ter uma vida novamente, ela necessitasse de um homem. Gosto muito da forma como essa “mulher” é tratada aqui na história, onde em momento algum, a autora tenta transformá-la numa heroína. Portanto não esperem  um “ grand finale” da mulher traída que deu a volta por cima, aqui somos apresentados à mulher comum, do cotidiano, com toda sua humanidade e imperfeição mas igualmente bela e real.

Editora Biblioteca azul

Este exemplar eu comprei na Amazon em março e paguei mais ou menos R$ 22,00 + frete.

Tudo aquilo que eu não disse /Kathryn Hughes

Entre um capítulo e outro intercalam-se as histórias de duas mulheres que em algum momento irão se cruzar.

Christina Craig (Tina) é uma jovem que vive um relacionamento abusivo nos anos 70, e luta constantemente entre seu amor próprio e o amor que sente por seu marido Rick. Ela sabe que não pode mais viver assim e apesar dos conselhos de seus amigos Graham e Linda, ela ama o marido e acredita que ele deixando de beber, tudo ficará bem entre eles. Tina, tem uma loja de roupas beneficente e um dia encontra no bolso de um paletó uma carta que sem querer, mudará sua vida. A carta estava endereçada a uma outra Christina e tinha sido escrita há 35 anos, mas embora lacrada e selada nunca havia sido postada, um dia Tina acaba lendo a carta e decide que vai procurar esta Christina e dar à ela o direito de ler esta carta escrita por Billy e que nunca foi entregue. E então vamos conhecer a história de Chrissie (Christina). Aqui a autora aborda um tema bem clichê que é a garota de “boa família” que se apaixona pelo rapaz humilde, isso não agrada ao pai dela que tenta a todo custo separá-los. No entanto, a história toda é muito bem construída, a maneira que autora explora esses temas aparentemente batidos nos faz refletir, até que ponto temos o direito de decidir o que é melhor para o outro, mesmo quando é alguém da família e as intenções são as melhores possíveis!? Todo mundo tem o direito de saber a verdade, não importa a situação, ou ainda, uma simples frase não dita pode mudar muitas vidas… Estas são grandes questões enfrentadas pelos protagonistas da história. Fiquei um bom tempo com essa história na cabeça, por pensar em como a vida da Chrissie poderia ter sido diferente se ela soubesse a verdade, a leitura flui muito bem, tem muitos acontecimentos. A única coisa que achei chatinha é a diagramação usada pela editora Astral Cultural, um pouco cansativa. E também tem uma questão entre Chrissie e Jackie que eu achei que poderia ter sido melhor trabalhada, não vou dizer aqui para não dar spoiler, mas quem quiser e já tiver lido, posso comentar em “off”. No geral gostei do livro e a história me agradou bastante, com certeza me interessarei em ler outros livros da autora.

Indico para quem está afim de ler um romancinho água com açúcar mas bem escrito.

A guerra que salvou a minha vida

 

Como não se emocionar com a Ada? Ada e seu irmão Jamie vivem uma verdadeira guerra para conquistar um lugar no mundo.

A história é narrada por Ada, uma garotinha de apenas 10 anos que vive com o irmão e a mãe na Inglaterra, durante a segunda guerra mundial. Ada nasceu com uma deficiência, “pé torto” e por isso vive  trancada em casa para não envergonhar a mãe. Ela conhece o mundo apenas da janela do apartamento, por onde vê seu irmão Jamie e as outras crianças brincarem. Todos os afazeres da casa, inclusive Jamie são responsabilidades de Ada. Embora vivam nessa casa com a mãe, ambos não tem a mínima noção do que é um lar, Ada é tão maltratada e rejeitada pela mãe, que apesar de muito inteligente, ela passa a acreditar em parte dos absurdos que a mãe diz pra ela, e olha, são coisas muito duras para um adulto ouvir, o que dirá uma criança. É muito revoltante e impactante também, temos vontade de levá-los para casa. Com Londres prestes a ser atacada por Hitler, as crianças estão sendo evacuadas para o interior e Ada vê aí uma oportunidade de se livrar dos maus tratos da mãe e consegue partir com o irmão sem que a mãe saiba. Eles serão acolhidos em lares provisórios por famílias que vão ajudá-los num lugar mais seguro e assim eles vão parar na casa de Susan, no entanto a luta de Ada não termina aí, pois por nunca ter sido amada, ela também não sabe amar, não consegue receber amor e não se acha digna disso. Não vou contar muito mais sobre a história para não estragar a leitura, mas Ada ainda terá muitas surpresas pela frente. Este livro além de contar a história de Ada e Jamie, é um relato da segunda guerra mundial e de como uma guerra influencia e impacta a vida das pessoas visto pelos olhos de uma criança. Muito bonita a história e como eu disse, impossível não chorar com essas crianças.

Logo lerei a continuação, “A guerra que me ensinou a viver”que me ensinou a viver

A editora é a Darkside Books, que como sempre arrasa nas edições em capa dura.

A improvável jornada de Harold Fry

Oi Gente! Primeiramente quero dar a maravilhosa notícia que agora temos um canal no youtube também , se increvam, deem as suas opiniões, sejam bem vindos! Vejo vocês por lá… Bjs…

http://www.youtube.com/channel/UCtnSFwFGX1bEV2_QTXo3yzA

Vamos a História!

Este livro conta a história de Harold Fry, um senhor de mais ou menos 65 anos de idade,casado com a Maureen,com quem ele não se dá muito bem, leva uma vida pacata, sedentária, numa cidadezinha da Inglaterra, aposentado é uma dessas pessoas que param de trabalhar e ficam em casa esperando a morte chegar. Um belo dia, ele recebe uma carta de uma antiga amiga, Queenie Hennessy, com quem ele havia trabalhado há muito tempo atrás e de quem ele já tinha sido bem próximo, na carta ela diz que está com câncer terminal e que vive numa casa de repouso. Então esta carta, deixa Harold muito abalado e ele decide escrever uma carta em resposta, no entanto quando ele sai para colocar a carta na caixa do correio, ele passa por várias caixas e não consegue postar a carta, ele simplesmente está caminhando tão pensativo, tão imerso em seus próprios pensamentos, que ele não consegue parar. Quando finalmente fica faminto e decide parar para comer alguma coisa num posto, encontra uma funcionária muito simpática com quem ele começa a conversar e conta parte da sua história e também sobre a carta e ela o encoraja a entregar a carta pessoalmente, dizendo que a tia dela também teve câncer, mas se a gente fé, a gente pode fazer qualquer coisa. Embora ele não fosse uma pessoa religiosa, aquelas palavras ficam na cabeça dele e ele passa a acreditar eu enquanto ele estiver caminhando sua amiga se manterá viva esperando por ele. Ele até escreve um cartão postal onde diz “Estou a caminho. Você só precisa esperar. Porque eu vou salvá-la, entendeu? Eu vou continuar caminhando e você precisa continuar viva.” É uma atitude bonita, comove muita gente pelo caminho, mas o leitor fica meio sem entender porque uma pessoa na situação dele, idoso, sem nenhum preparo físico, sem roupas e calçados adequados, celular, sem nada, ele saiu de casa apenas com a roupa do corpo e carteira no bolso, se disporia a andar mais de 800km do sul ao norte da Inglaterra por uma pessoa que ele se quer vê há décadas. Mas a medida que a história se desenrola e autora vai descrevendo toda a caminhada do Harold, nós vamos compreendendo que apesar de ele “achar que vai salvar a amiga”, existe um motivo muito maior por trás de tudo isso, não só em relação a Queenie mas em relação a sua própria vida, pois ele faz uma viagem de autoconhecimento, durante todo o trajeto ele revisita vários momentos da vida dele, desde a infância, a relação com os pais, a relação com a esposa Maureen, com o filho David com quem ele tem uma relação super conturbada e ver essa transformação que ele vive acontecer,é muito bonito. Na realidade ele queria dar sentido à vida dele, ter a sensação de que pelo menos uma vez na vida fez algo grandioso, algo de que ele pudesse se orgulhar… E essa idéia de sentir vontade de fazer alguma coisa, por mais louca que seja essa coisa, e ter a coragem de ir lá e fazer, simplesmente fazer sem se importar com nada nem ninguém, eu acho fantástico. Quando ele termina a caminhada, ele é uma outra pessoa, com outra visão de mundo. A história tem um final bem surpreendente também, é um livro que fala sobre as relações humanas, sobre a vida, sobre a velhice. Então você vai ter um misto de sensações, em alguns momentos você irá se emocionar, outros são bem angustiantes e outros ainda, acho que pela exagerada descrição de tudo que ele vê pelo caminho tornam a leitura um tanto arrastada, mas ainda assim é uma boa história. Um outro ponto citado por muitas pessoas como um ponto negativo do livro, é que ele traz uma visão pessimista em relação ao câncer, porque na página 220 num diálogo entre a Maureen e a moça do posto é dito “quando o câncer pega a pessoa, não tem jeito”, mas se a gente levar em consideração que maioria dos livros e filmes que falam de câncer tem essa mesma visão pessimista, eu não sei se esse seria um problema específico deste livro. Mas eu concordo que é uma visão pessimista,   como se toda pessoa com câncer estivesse fadada à morte e não é verdade. O ano passado eu tive câncer de mama e não morri, estou aqui curada, saudável e não pretendo morrer tão cedo, rs.

Com todos os prós e os contras, acho que vale a leitura pela reflexão que trás sobre a vida.

 

Por lugares incríveis

Esta é a história de Violet Markey e Theodore Finch ou parte dela.

Violet tinha uma vida perfeita, era linda, popular, tinha muitos amigos e um namorado incrível. Adorava escrever e tinha uma revista on-line com sua irmã Eleanor, era feliz e cheia de planos, mas tudo muda quando Violet e Eleanor sofrem um acidente de carro e Eleanor morre. Violet sente-se culpada pela morte da irmã, pára de escrever, e vive agora isolada tentando achar um motivo para continuar vivendo.

Já Theodore Finch é o contrário, ele é conhecido como o garoto problema da escola, seu apelido é aberração, tem um pai violento, uma família distante e luta com momentos depressivos. Violet conta os dias para a formatura quando pretende ir para nova York estudar e Finch pesquisa várias formas de suicídio. Numa de suas inúmeras tentativas de suicídio ele vai para o alto da torre do sino da escola e lá encontra Violet com a mesma intenção, mas ela desiste e não está conseguindo sair dali, então Finch a salva e a ajuda sair lá de cima, no entanto eles combinam de dizer que foi Violet quem salvou Finch, afinal ele já é mesmo o garoto problema e isso vai facilitar as coisas para Violet.

Os capítulos do livro são narrados por Violet e Finch alternadamente, assim temos a visão de ambos da história. Depois deste dia Finch começa a prestar mais atenção em Violet e meio que forçadamente eles irão fazer um trabalho de geografia juntos e irão visitar lugares incríveis de Indiana, estado onde vivem. Achei muito bacana que no final do livro tem um mapa com todos os lugares por onde eles passaram e todos aqueles lugares mágicos existem de verdade. Nessas andanças como eles dizem, eles encontram um no outro muito mais que um amigo e Violet começa a “viver” novamente e percebe que o Finch como na maioria das vezes na vida real, não é nem de longe aquilo que seus amigos da escola dizem.

O livro trata questões sérias como o suicídio, bullying, transtorno bipolar e como muitos jovem são negligenciados pela família e pela sociedade de uma forma geral, mas a história nos é contada de forma tão sutil que embora haja tristeza nesses temas, é uma leitura leve, agradável, não queremos largar o livro. Tem muitas passagens bonitas que nos fazem refletir como por exemplo esta frase dita por Violet, “nem sempre podemos enxergar o que os outros não querem que a gente veja. Principalmente, quando se esforçam tanto para esconder.”

Não vou dizer muito mais sobre a história, pois sei que já ouviram falar muito deste livro e não quero dar spoiler e estragar a leitura de quem ainda não conhece.

Embora o final seja um tanto previsível, não deixa de surpreender. Li o último capítulo tensa, imaginando o que ia acontecer mas não querendo acreditar. Chorei, mas é uma história muito querida, todo mundo deve ler e tentar nem que seja por um momento, antes de qualquer julgamento vestir a pele do outro.

E vamos nos conscientizar que bullying não é legal, brincadeira é quando as duas partes se divertem, isso pode acarretar sérios problemas para a vida da pessoa. Na dúvida, não façamos com os outros aquilo que não gostaríamos que fizessem conosco!

Tel: CVV (Prevenção ao suicídio) 188

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Uma curva no tempo / Dani Atkins

Este livro foi uma grata surpresa, pois não é o tipo de livro que costuma me chamar a atenção, mas depois de ver alguns vídeos de booktubers, acabei ficando curiosa e gostando muito.

 

A história se passa em setembro de 2008 na cidade de Great Bishopsford, Rachel Wiltshire e seus amigos vão para a faculdade em diferentes lugares e portanto se separarem, então se reúnem num restaurante para a despedida. Porém durante o jantar,um carro desgovernado quebra a vidraça e invade o restaurante atingindo a mesa onde estavam. Rachel só conseguiu se safar pois seu amigo Jimmy acaba morrendo para salvá-la. Passam-se cinco anos e Rachel ainda guarda seqüelas físicas e emocionais, ela se culpa pela morte de Jimmy, ficou com uma grande cicatriz no rosto que ela esconde com o cabelo, sente fortes dores de cabeça, vive isolada e sua vida é completamente diferente do que ela planejara, nem a faculdade de jornalismo que era seu sonho ela fez. Agora eles estão prestes a se reencontrar num jantar que vai acontecer antes do casamento de Sarah, sua melhor amiga. Rachel só aceita ir mesmo porque sabe que Sarah faz questão de sua presença, mas acaba ficando ansiosa para reencontrar todos inclusive Matt seu antigo namorado, que acaba confessando a ela nesse jantar que nunca à esqueceu mesmo estando com outra pessoa. Já faz algum tempo que Rachel está adiando as consultas médicas para realizar novos exames devido as dores de cabeça em decorrência do acidente. No dia em que volta do jantar, ela resolve encarar os fatos e vai pela primeira vez visitar o túmulo de Jimmy, mas ela acaba passando mal e desmaiando no cemitério. Quando acorda está no hospital,   e fica sem entender nada, pois seu pai que estava com câncer e muito abatido, parecia curado, Jimmy está vivo e ela agora é noiva de Matt, trabalha como jornalista e tem um emprego conceituado. Então ela tenta a todo custo convencer a todos que aquilo não pode ser verdade, que sua realidade era outra bem diferente e os médicos à   diagnosticam com amnésia. E agente vai especulando para saber o que de fato aconteceu.

 

A escrita de Dani Atkins é muito gostosa e se for curioso (a), vai ler o livro facilmente em um dia. O final é um tanto óbvio, mas a história é tão bem escrita e envolvente que em momento algum pensei nesse desfecho. É emocionante e muito bonito.

Fiquei curiosa para ler outros livros da autora.

 

A capa é linda soft touch, da editora Arqueiro.

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